Nos dias de hoje, é praticamente impossível fazer uma lista de compras doméstica sem incluirmos o sabão em pó. O sabão em pó tornou-se um elemento indispensável na economia doméstica e fundamental para a limpeza e higiene da sociedade pós-moderna. Muito do seu sucesso se deve à mudança do hábito das mulheres que deixaram de passar horas esfregando colarinhos com sabão em barra para lançarem toda a roupa em máquinas de lavar roupas sofisticadas que fazem todo o trabalho com grande eficiência. A tecnologia do sabão tem aumentado a cada dia e, na “guerra comercial do sabão” que vemos todos os dias na mídia, quem lava mais branco e preserva as cores e a qualidade do tecido parece cativar mais o consumidor.
A mais antiga evidência da existência do sabão está vinculada à antiga Babilônia, no século 28 a.C. Esse sabão primitivo era produzido à base de cipreste, cinzas de animais e óleo de gergelim. Outras grandes civilizações também desenvolveram o sabão com a tecnologia básica do sabão, que é a adição de sais alcalinos a óleos vegetais (saponificação), como no antigo Egito, no século 15 a.C.
Especula-se que o nome “sabão” tenha sido emprestado do “Monte Sapo”, um suposto monte aos redores de Roma. Diz-se que nesse monte as religiões pagãs sacrificavam animais, como os sapos, e o material orgânico (gordura) era arrastado pelas águas correntes misturando-se às cinzas. Tal processo resultava na formação de uma substância nos rios, aos pés desse monte, que fez com que as mulheres “lavassem mais branco” as roupas de seus maridos romanos.
Entretanto, a luta por lucros no mercado bilionário do sabão em pó no Brasil, algumas vezes, torna a competição “suja”. Comumente, os líderes do mercado acusam os fabricantes das marcas populares de estratégias de marketing desleais. Cabe, obviamente, à justiça dirimir os conflitos. No Brasil, o sabão Omo, da Unilever, é líder de vendas. Omo é uma sigla inglesa: old mother owl (“velha mãe coruja”). E essa “velha mãe coruja” está com os olhos bem abertos sobre seu principal concorrente nas classes A e B: Ariel, o sabão em pó sintético mais vendido na Europa e Estados Unidos, da Procter & Gamble.
De modo interessante, a Palavra de Deus também fala sobre a lavagem, mas não banaliza o seu significado como os slogans dos fabricantes de sabão em pó. Para se exemplificar como Paulo utiliza cuidadosamente suas palavras, é importante notar que a palavra “lavar/lavagem”, do grego loutron, aparece no Novo Testamento apenas duas vezes (Ef 5.26; Tt 3.5). O texto de Tito 3 diz: “Mas quando se manifestaram a bondade e o amor pelos homens da parte de Deus, nosso Salvador, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3.4-6).
Nota-se que a misericórdia de Deus é a base de nossa lavagem, mas não uma lavagem simples como vemos nas propagandas de sabão em pó. A lavagem do Espírito Santo não só lava nosso coração sujo de pecado, mas o regenera! Isso é algo que não encontramos nos sabões em pó, pois, por mais que deixemos uma roupa rasgada ou esgarçada com o melhor dos sabões em pó na máquina de lavar roupas mais sofisticada, o tecido terminará o ciclo de lavagem até mais limpo, mas em pior estado do que antes. Além disso, não há economia na medida do lavar do Espírito Santo. Nosso Salvador, Jesus Cristo, derrama generosamente o Espírito Santo restaurador e renovador em nosso deteriorado coração.
Também encontramos outro agente da lavagem: o Evangelho. Constata-se, no trecho de Efésios 5, que o Evangelho santifica, purifica e glorifica a igreja, ou seja, os salvos por nosso Senhor Jesus Cristo: “Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável” (Ef 5.25-27).
São notáveis os elementos básicos da lavagem celestial: o Espírito Santo e a Palavra de Deus. Mais interessante são, porém, os resultados do lavar celestial: restauração, renovação, santificação, purificação, eliminação das manchas do pecado e justificação.
Davi, movido pelo Espírito Santo, sabia dos efeitos supracitados e os desejou ardentemente. O rei de Israel, que possuía as vestes mais lindas e limpas, sentia-se sujo, pois havia pecado contra Deus numa sequência ultrajante de ócio, adultério, mentira e assassinato. É traço característico do pecador arrependido o anseio pelo lavar restaurador de Deus. Diz Davi: “Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei” (Sl 51.7). Ademais, aquele que crê genuinamente em Jesus Cristo sabe que a renovação do perdão de Deus é incrivelmente purificadora.
A frase “mais branco do que a neve” não é marketing, é promessa! Não é exagero, é o poder da restauração de nossos corações por Deus! Essa inacreditável lavagem, pela certeza de seus resultados, é caríssima. Todavia, ela já foi paga por Jesus Cristo na cruz do Calvário.
Contudo, os crentes em Jesus Cristo, mesmo tendo sido lavados pelo seu sangue, podem sujar seus pés durante a peregrinação até a cidade celestial. Seu corpo está limpo. Porém, eventuais pecados constantemente sujam os pés dos peregrinos de Deus e a limpeza dessa sujeira deve ser diligentemente observada. O apóstolo João registrou o seguinte diálogo: “Chegou-se a Simão Pedro, que lhe disse: ‘Senhor, vais lavar os meus pés?’. Respondeu Jesus: ‘Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá’. Disse Pedro: ‘Não; nunca lavarás os meus pés’. Jesus respondeu: ‘Se eu não os lavar, você não terá parte comigo’. Respondeu Jesus: ‘Quem já se banhou precisa apenas lavar os pés; todo o seu corpo está limpo. Vocês estão limpos, mas nem todos’. Pois ele sabia quem iria traí-lo, e por isso disse que nem todos estavam limpos” (Jo 13.6-11).
Todavia, para aquele que ainda não creu em Cristo, todo o seu ser permanece sujo perante Deus. O odor de seu pecado é percebido à distância. Mas, maravilhosa graça é a de nosso Senhor Jesus Cristo que pode lavar por completo a vida de um pecador que se arrepende. Definitivamente, temos de examinar nosso coração. Devemos nos perguntar: necessito que o Senhor Jesus lave apenas meus pés ou todo o meu corpo? A constatação é fácil, mas, às vezes, um tanto desagradável.
E então? Quer ser lavado por aquele que “lava mais branco”?
Leandro Boer
Nenhum comentário:
Postar um comentário