“Só os fortes envelhecem. Os fracos morrem no meio do caminho”. Quem dizia isso era o meu nono e, é claro, ele dizia isso quando já estava velho. Talvez ele estivesse certo: as pessoas velhas demonstram, até certo ponto, que puderam sobreviver às doenças, perigos e revezes da vida, chegando (mais ou menos) de pé ao tempo das cãs.
É possível que, em muitos casos, isso até revele virtudes. Perseverança e coragem talvez tenham sido os componentes da fórmula que muita gente usou para chegar à velhice, não se entregando ao desânimo suicida em que várias pessoas são lançadas quando passam por problemas difíceis ou grandes frustrações.
Seja como for, se o idoso é, em muitos casos, um campeão, a verdade é que, segundo a Bíblia, os cabelos brancos não protegem ninguém de desvios vergonhosos. A idade avançada, muitas vezes, é até a causa desses mesmos desvios.
Conforme tenho observado, um dos pecados da terceira idade é a criação de prerrogativas imaginárias, ou seja, a ideia nutrida por alguns velhos de que, com o passar do tempo, adquiriram certos direitos exclusivos e invioláveis.
Assim, esposas idosas muitas vezes acreditam que, por terem cinquenta anos de casadas, estão livres do dever de se submeter ao marido. Da mesma forma, maridos idosos pensam que não têm mais a obrigação de amar a esposa e tratá-la como vaso mais frágil. No fundo do coração essas pessoas acreditam na ilusão de que a idade avançada lhes concede o privilégio de se relacionarem com o cônjuge da forma como acham melhor, sem terem de ser ensinadas por ninguém, nem mesmo pelo apóstolo Paulo!
Outros idosos acreditam que o passar dos anos lhes concedeu o direito de dizer o que quiserem, a quem quiserem e da forma como quiserem. Então, se tornam pessoas desbocadas e sem recato, sempre criando constrangimentos e revelando-se agressivas quando são censuradas por falar deste ou daquele modo.
A lista de direitos imaginários criados por alguns idosos é extensa, mas a invenção de prerrogativas talvez não seja a tentação mais perigosa que ronda o coração safenado dos velhinhos. De fato, na Bíblia há outro perigo muito mais sério - um erro que nem o mais sábio dentre os homens foi capaz de evitar. Trata-se da lassidão dos princípios, da perda da firmeza em defender a fé, a verdade e a justiça, de baixar a guarda diante do mal moral defendido outrora com tanto vigor e firmeza.
O próprio Salomão sucumbiu nesse ponto. A Bíblia diz: “À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses, e o seu coração já não era totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus, como fora o coração do seu pai Davi” (1Rs 11.4). O texto prossegue dizendo que Salomão se desviou totalmente dos caminhos de Deus, chegando a construir altares a deuses pagãos, além de oferecer-lhes incenso!
Ao que tudo indica, para alguns idosos, a velha e longa senda da verdade pode se tornar monótona; a defesa da Palavra de Deus pode parecer inútil ou irrelevante num mundo que nunca melhorou; e o pecado, para alguém que caminhou tanto tempo numa terra dominada por ele, pode parecer natural, algo com que temos de nos conformar, aceitando as coisas como elas são. Então, baixa-se a guarda, desaparecem as palavras de reprovação diante da iniquidade e uma anuência serena toma conta de tudo: talvez o casal de velhinhos até dê os “parabéns” à neta que engravidou do namorado!
O tempo pode fazer esfriar a paixão pela justiça e, no coração fechado para todo tipo de perversidade, podem surgir rachaduras por causa dos ataques que vêm dos constantes e persistentes discursos dos maus.
Sim, talvez meu nono estivesse certo e, de fato, só os fortes envelhecem. Para nós, porém, isso tem pouca importância, pois, se a força que nos leva à velhice não é capaz de nutrir a firmeza da nossa fé e valores, então, talvez, o melhor mesmo seja morrer bem jovem.
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria
É possível que, em muitos casos, isso até revele virtudes. Perseverança e coragem talvez tenham sido os componentes da fórmula que muita gente usou para chegar à velhice, não se entregando ao desânimo suicida em que várias pessoas são lançadas quando passam por problemas difíceis ou grandes frustrações.
Seja como for, se o idoso é, em muitos casos, um campeão, a verdade é que, segundo a Bíblia, os cabelos brancos não protegem ninguém de desvios vergonhosos. A idade avançada, muitas vezes, é até a causa desses mesmos desvios.
Conforme tenho observado, um dos pecados da terceira idade é a criação de prerrogativas imaginárias, ou seja, a ideia nutrida por alguns velhos de que, com o passar do tempo, adquiriram certos direitos exclusivos e invioláveis.
Assim, esposas idosas muitas vezes acreditam que, por terem cinquenta anos de casadas, estão livres do dever de se submeter ao marido. Da mesma forma, maridos idosos pensam que não têm mais a obrigação de amar a esposa e tratá-la como vaso mais frágil. No fundo do coração essas pessoas acreditam na ilusão de que a idade avançada lhes concede o privilégio de se relacionarem com o cônjuge da forma como acham melhor, sem terem de ser ensinadas por ninguém, nem mesmo pelo apóstolo Paulo!
Outros idosos acreditam que o passar dos anos lhes concedeu o direito de dizer o que quiserem, a quem quiserem e da forma como quiserem. Então, se tornam pessoas desbocadas e sem recato, sempre criando constrangimentos e revelando-se agressivas quando são censuradas por falar deste ou daquele modo.
A lista de direitos imaginários criados por alguns idosos é extensa, mas a invenção de prerrogativas talvez não seja a tentação mais perigosa que ronda o coração safenado dos velhinhos. De fato, na Bíblia há outro perigo muito mais sério - um erro que nem o mais sábio dentre os homens foi capaz de evitar. Trata-se da lassidão dos princípios, da perda da firmeza em defender a fé, a verdade e a justiça, de baixar a guarda diante do mal moral defendido outrora com tanto vigor e firmeza.
O próprio Salomão sucumbiu nesse ponto. A Bíblia diz: “À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses, e o seu coração já não era totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus, como fora o coração do seu pai Davi” (1Rs 11.4). O texto prossegue dizendo que Salomão se desviou totalmente dos caminhos de Deus, chegando a construir altares a deuses pagãos, além de oferecer-lhes incenso!
Ao que tudo indica, para alguns idosos, a velha e longa senda da verdade pode se tornar monótona; a defesa da Palavra de Deus pode parecer inútil ou irrelevante num mundo que nunca melhorou; e o pecado, para alguém que caminhou tanto tempo numa terra dominada por ele, pode parecer natural, algo com que temos de nos conformar, aceitando as coisas como elas são. Então, baixa-se a guarda, desaparecem as palavras de reprovação diante da iniquidade e uma anuência serena toma conta de tudo: talvez o casal de velhinhos até dê os “parabéns” à neta que engravidou do namorado!
O tempo pode fazer esfriar a paixão pela justiça e, no coração fechado para todo tipo de perversidade, podem surgir rachaduras por causa dos ataques que vêm dos constantes e persistentes discursos dos maus.
Sim, talvez meu nono estivesse certo e, de fato, só os fortes envelhecem. Para nós, porém, isso tem pouca importância, pois, se a força que nos leva à velhice não é capaz de nutrir a firmeza da nossa fé e valores, então, talvez, o melhor mesmo seja morrer bem jovem.
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria
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