quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Melhor do Brasil é o Brasileiro?

Nove entre dez brasileiros gostam da frase “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”. Esse é um dos resultados da campanha “O melhor do Brasil é o brasileiro”, realizada pelo Ibope para a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA). Embora o slogan oficial do governo Lula seja “Brasil, país de todos”, o título desse artigo cativou sobremaneira o atual presidente da república ao ponto de obter apoio formal à campanha.

O marketing político tem muitas aplicações. Uma delas é a incumbência de criar bordões políticos que visem à captação da essência dos objetivos de um determinado governo eleito. Essa prática não é nova. Desde a proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca, em 1889, bordões políticos têm sido instilados entre os brasileiros debaixo do bordão máximo de nosso pavilhão nacional “Ordem e Progresso”. Os seguintes bordões refletiram a tônica dos governos republicanos brasileiros: o início da república “café-com-leite”, nas mãos das oligarquias mineira e paulista, com a frase proferida por Joaquim Murtinho, ministro da Fazenda do governo de Campos Salles – “Nossa vocação é agrícola” (1898); pegando “carona” na explosão da produção mundial de carros, sob o governo de Washington Luís, com “Governar é abrir estradas” (1926); pelo aclamado “pai dos pobres”, Getúlio Vargas, com “O petróleo é nosso” (1953); pelos cinco pontos do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek com “50 anos em 5” (1956); pelo jingle da vassoura do breve presidente Jânio Quadros com “Varre, varre, vassourinha” (1960); pelos ditadores do “milagre econômico” e tricampeões da Copa do Mundo com “Ame-o ou deixe-o (1970); com o fim da ditadura militar no governo de José Sarney com “Tudo pelo social” (1985); com Itamar Franco homenageando o povo brasileiro pelo sucesso do impeachment de Fernando Collor com “Brasil, união de todos” (1993); sob a liderança de Fernando Henrique Cardoso, tendo a inflação sob controle, com “Avança, Brasil” (2001); e com o atual governo brasileiro, sobre os ombros do popular presidente Lula, com “O melhor do Brasil é o brasileiro” (2004).

Através dos tempos, percebe-se que houve mudanças nos bordões políticos. Todavia, há um traço comum a todos os bordões e seus respectivos objetivos: o humanismo secular.

O humanismo secular pode ser facilmente compreendido pelos três manifestos humanistas que surgiram no século 20, em 1933, 1973 e 2003. O tema central dos três manifestos é a elaboração de um sistema filosófico e de valores que não crê em uma deidade pessoal com poder soberano. Essa cosmovisão, que destrona a divindade e entroniza o próprio ser humano com a coroa da ciência e análise crítica, “garante”, aos seus súditos, a libertação da humanidade das brutalidades da mera sobrevivência, a redução do sofrimento, a diminuição das desigualdades de circunstâncias e competências e a justa distribuição dos recursos naturais e dos frutos do esforço humano para que tantos quanto possível possam gozar de uma boa vida. Que “promessa”!

Nesse sistema filosófico antropocêntrico, o ser humano é senhor de seu próprio destino, dono de seu próprio caminho. Talvez, a canção My way, que se tornou famosa na voz de Frank Sinatra (1968), seja uma espécie de hino do antropocentrismo: “Eu vivi uma vida que foi cheia/Eu viajei por cada e todas as rodovias/E mais, muito mais que isso/Eu fiz do meu jeito/Arrependimentos, eu tive alguns/Mas então, de novo, tão poucos para mencionar/Eu fiz, o que eu tinha que fazer/E eu vi tudo, sem exceção” (I´ve lived a life that´s full/I traveled each and every highway/And more, much more than this/I did it my way/Regrets, I´ve had a few/But then again, too few to mention/I did what I had to do/And saw it through without exemption).

Mas, o que a Palavra de Deus tem a dizer, ou melhor, a condenar sobre tudo isso? O humanismo falhou tremendamente em promover a justiça e equidade prometida semelhantemente aos governos que vêm se apoiando nesse sistema filosófico, pois “há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte” (Pv 14.12). É importante ressaltar que seguir o my way não é uma conduta atual, pois, “no passado ele [Deus] permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos” (At 14.16). O resultado sempre foi rebelião contra Deus e, como prometido, o castigo terreno e o do porvir. Ademais, o progresso tecnológico, nunca antes visto na história, que deveria promover uma sociedade melhor, apenas maximizou o pecado da cobiça e tornou mais nítido o “ter” das classes sociais, pois o ser humano, porque é ironicamente “humano”, está contaminado: “Pois do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15.19).

Vejamos, agora, a estatística que abriu este artigo por outro ângulo: um em cada dez brasileiros não gosta da frase “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”. Será que essa pessoa, ao invés de determinar o seu autossenhorio – ou, como gostam de classificar os intelectuais humanistas, o self-made men (“homem que se fez/homem que se construiu/homem que determinou o seu destino”) – adotaria como slogan de sua vida o versículo “Eu sei, Senhor, que não está nas mãos do homem o seu futuro; não compete ao homem dirigir os seus passos” (Jr 10.23)?

Seria essa exceção uma pessoa que submete a Deus sua vida e tudo que nela há? “Reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas” (Pv 3.6). Seria essa exceção uma pessoa que crê nas promessas dessa sujeição como “O senhor firma os passos de um homem, quando a conduta deste o agrada [...] Ele traz no coração a lei do seu Deus; nunca pisará em falso” (Sl 37.23,31)?  Seria essa exceção uma pessoa que diz “Eu sou cristão e, pela graça de Deus, não desistirei nunca”?

Você está cansado das promessas não cumpridas dos seres humanos? Se não, não lhe faltarão oportunidades para se embriagar nelas. A Palavra de Deus o adverte e revela a solução: “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?” (Nm 23.19).

Milhares de promessas de Deus já foram cumpridas. Outras já são uma realidade em sua vida. Mas, de qual promessa você faz parte? “Por que Deus amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado,  por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus(Jo 3.16-18).

Leandro Boer

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