segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Deixar de Viver nas Alturas para Viver no Céu

“Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo” (Jo 17.24).

O céu está em alta! Nunca se construiu tantos “arranha-céus” como nos últimos 20 anos. Recentemente, em 2009, foi inaugurado o Burj Khalifa, em Dubai, com 162 andares e 828 metros de altura (5 vezes maior que o Edifício Itália em São Paulo). Uma proeza que deixaria os engenheiros da torre de Babel atônitos!

O céu, também conhecido como “espaço sideral”, igualmente está em alta! Coincidentemente, em 2009, comemorou-se o “ano da astronomia” devido ao aniversário de 400 anos das observações astronômicas do italiano Galileu Galilei. Os cinco maiores telescópios entraram em ação nos últimos 20 anos: Hubble Space Telescope (1990), Keck Observatory (1993), Spitzer Space Telescope (2003), Large Binocular Telescope (2005), Fermi Gamma-Ray Space Telescope (2008) e o atual Giant Magellan Telescope.

Entretanto, existe um tipo de céu que está em baixa: o céu que é a prometida morada eterna dos crentes. “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado ao terceiro céu. Se foi no corpo ou fora do corpo, não sei; Deus o sabe” (2Co 12.2). Este é o céu que o apóstolo Paulo define como “terceiro céu”, não porque haja “castas celestiais” (como os gnósticos criam nos tempos de Paulo), mas sim porque os judeus faziam uma clara distinção entre o céu criado e o céu do Criador.

Em suma, o primeiro céu é a troposfera, a porção mais baixa da atmosfera com 10 km de extensão, onde voam os pássaros. Esse céu, abordado no primeiro parágrafo, não é negligenciado. Tampouco está esquecido o “segundo céu”, igualmente uma espetacular criação de Deus, a saber, o céu das estrelas. Haja vista os atuais telescópios em funcionamento e os que entrarão em operação nos próximos anos, o céu (espaço sideral) continua deixando o Homem maravilhado.

Entretanto, o fato de o “terceiro” e mais importante céu estar em baixa não deve deixar os crentes surpresos. Afinal, espera-se mesmo que a incredulidade leve os homens a se extasiarem (até o ponto de adorarem corpos celestes) dos céus da criação: “Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém” (Rm 1.25).

O que é inadmissível é a perda do interesse dos crentes - os eleitos de Deus - pelo céu do Criador. Não é difícil perceber que o descaso com o céu envenenou o meio evangélico. O céu desapareceu dos púlpitos brasileiros e, também, dos nossos cânticos e hinos. O meio evangélico deixou-se levar pela inclinação carnal da gratificação imediata e do pensamento auto-indulgente. A consequência é que as pregações sobre o céu “foram para o espaço”!

E por que os crentes devem parar de “orbitar” ao redor das coisas terrenas e vislumbrarem o céu do Criador? Pelo simples fato de que ou um crente está no céu ou está indo para lá. Qualquer outra opção estranha a esses desfechos pertence à incredulidade e ao inferno.

E por que deveríamos almejar tanto o céu? O apóstolo Paulo afirma que é impossível que um crente genuíno reprima sua aspiração pelo céu, pois ela é o alívio de sua angústia terrena, como uma pessoa despida busca, ardentemente, por sua vestimenta: “Pois, enquanto estamos nesta casa, gememos e nos angustiamos, porque não queremos ser despidos, mas revestidos da nossa habitação celestial, para que aquilo que é mortal seja absorvido pela vida” (2Co 5.4).

O meio evangélico busca, ardentemente, revestir-se do quê? Se o pensamento auto-indulgente estiver arraigado nos corações, as pessoas buscarão, efusivamente, não o céu, mas o shopping center para revestirem-se “da cabeça aos pés” de tudo o que a concupiscência dos olhos puder oferecer.

Mas o que é a Palavra de Deus tem nos dizer sobre o céu? Para se entender o que é o céu do Criador, deve-se notar que a palavra “céu” aparece 550 vezes em toda a Bíblia. E essas palavras não têm o mesmo significado. Algumas vezes elas se referem à atmosfera do planeta (“primeiro céu”), em outras ocasiões ao espaço sideral (“segundo céu”), em outras passagens surgem como metonímias do próprio Deus e, esperançosamente, várias vezes aparecem, pelos lábios de nosso próprio Senhor Jesus Cristo, como o lugar que ele quer habitar conosco (“terceiro céu”): “Na casa de meu pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. [...] Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo” (Jo 14.2; 17.24).

O que o céu não é, definitivamente, é um “estado de espírito”, “uma atitude de vida” ou "uma ótica diferente sobre as coisas terrenas”, comumente ditas pelo mundo. O céu é um lugar! E um lugar muitíssimo especial o qual devemos ansiar ardentemente. Ademais, é a promessa de um lugar que tem a propriedade de confortar e fortalecer o coração dos nossos irmãos nos mais excruciantes problemas: “E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolem-se uns aos outros essas palavras” (1Ts 4.17b-18); “Sejam também pacientes e fortaleçam o seu coração, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5.8).

Será que o meio evangélico auto-indulgente e “físico” (materialista), enganado pela teologia da prosperidade, aceitaria um consolo tão “metafísico” assim? Não estranhe se o aflito “mandar o seu consolo para o espaço”, dizendo: “Estou passando por vários problemas difíceis e você vem agora falar para mim sobre o céu?!”

Lembremo-nos de alguns aspectos que nos motivam a desejar esse maravilhoso lugar, o céu:

1. O seu Deus está lá: “Vocês orem assim: Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome” (Mt 6.9).

2. O seu Salvador está lá: “Pois Cristo não entrou em santuário feito por homens, uma simples representação do verdadeiro; ele entrou nos céus, para agora se apresentar diante de Deus em nosso favor (Hb 9.24).

3. Os seus irmãos estão lá: “À igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus, juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb 12.22).

4. O seu nome está registrado lá: “Contudo, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus” (Lc 10.20).

5. A sua cidadania está lá: “A nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).

6. A sua recompensa está lá: “Alegrem-se e regozijem-se porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mt 5.12).

7. O seu tesouro está lá: “Não acumulem para vocês tesouras na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam” (Mt 6.19-20).

8. O seu justo protetor está lá: “Vocês, senhores, tratem seus escravos da mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas” (Ef 6.7).

Crente, você não é daqui! Se um dia alguém do mundo o insultar dizendo que “você não é deste mundo”, ele não está o insultando, mas relembrando os pontos supracitados! Aliás, graças a Deus não somos deste mundo!

Entretanto, ainda estamos aqui. Mas, desde já, provamos uma alegria que reside nas bênçãos que recebemos de nosso Pai durante a peregrinação nesse mundo. Nosso Deus nos ajuda a manejar o “passaporte celestial” e recebemos, já nesta vida, conforto, amizade, comunhão e alegria. Apesar disso, nossos melhores dias como igreja não se compararão ao gozo reservado aos santos no céu por toda a eternidade: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso: a vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.1-3).

Crente, regozije-se no Senhor e releia o trecho acima substituindo a palavra “Éfeso” pelo nome da cidade em que você vive.

Até o céu!

Leandro Boer

Nenhum comentário:

Postar um comentário