Origami é uma palavra de origem japonesa. Oru significa “dobrar” e kami é “papel”. Assim, origami é a arte tradicional japonesa que, há séculos (desde 1600 AD), ensina as pessoas a dobrar papel.
Normalmente o papel escolhido para essa prática é quadrado e liso, pois isso facilita o manuseio e a obtenção do bom formato das dobraduras. Porém, no origami o que conta é a paciência e a habilidade em desenvolver desenhos e formas tanto simples (quando iniciantes) como complexas (para os mais experientes).
Com perseverança, concentração e paciência, típicas das culturas orientais, aves, árvores, flores e diversos objetos vão surgindo através das pequenas e inúmeras dobras. Essa prática é tão respeitada que, seguindo a tradição oral, muitos chegaram a atribuir poderes místicos a determinados origamis. Há, por exemplo, uma crença popularizada por Sadako Sasaki (vítima e sobrevivente da Bomba Atômica) de que quem fizer mil origamis da garça japonesa (Tsuru, “garça”) terá um desejo seu atendido.
Apesar de considerar essa prática muito interessante e ter material para isso, jamais consegui fazer um origami. Falta-me habilidade e paciência. O que me consola é saber que o mesmo acontece com muita gente. Contudo, quando se trata de questões de fé, muitos crentes são profissionais no que chamo de “origami gospel”. Como?! Bem, no origami comum o papel assume qualquer forma e aceita todo tipo de contorno que queremos lhe dar. No origami gospel algo parecido acontece. Muitos criam um deus dobrável que se submete à vontade do fiel, assumindo contornos de acordo com a conveniência de quem o manipula. Veja alguns exemplos:
- O deus pitbull: Feroz, terrível e assustador.
- O deus garçon: Existe apenas para nos servir.
- O deus carteiro: Só serve para fazer entregas.
- O deus criança: Fácil de agradar, de enganar e de iludir.
- O deus chefe: Basta “bater o ponto” no domingo.
- O deus flor: Depende de nós para não murchar.
- O deus ioiô: Vai e vem em minhas mãos.
E por aí vai... O evangélico moderno, em sua ignorância e incredulidade, confecciona o seu deus conforme lhe apraz. Ele o aperta, dobra, vira, desdobra e muda o que não gostou. Então, depois de algum esforço... voilà: deus está prontinho. E o que é melhor: feito sob medida para a gente carregar no bolso.
Até mesmo os teólogos dos dias atuais confeccionam para si deuses nos padrões de origami. Do topo de sua soberba proclamam um deus formado por eles, com limites em sua sabedoria e cheio de imperfeições próprias de seres humanos.
Fico feliz de saber que o Deus a quem sirvo não foi moldado por ninguém. Ele é o Deus verdadeiro, o Deus bíblico. Seus contornos ele mesmo revelou e, por isso, sei que ele é autossuficiente, autoexistente, transcendente, imanente, único, trino, imutável, perfeito, santo, justo e poderoso. Ele não dá e nem deve satisfações às suas criaturas. Antes, dá ordens e toda a criação lhe obedece (Jó 42.2; Sl 115.3).
Alegro-me em crer num Deus assim e em pastorear uma igreja que crê da mesma forma, pois os que inventam seus deuses de dobradura são infelizes e estão enganados. Na verdade, não são crentes de fato, posto que não conhecem realmente a Cristo nem tampouco o Pai. É triste, mas o fato é que, na eternidade, diante dos portões do inferno, muitos descobrirão, apavorados, que acreditaram num ídolo ilusório, num deus de papel! Então, uma vez que rejeitaram a verdadeira fé em troca de mitos, passarão a eternidade sem Deus nenhum. É assim que será. Afinal, as chamas do inferno nunca se apagam e, como se sabe, papel pega fogo!
Pr. Marcos Samuel
Soli Deo gloria
Um bom livro seria "Origami Bíblico: 40 dobraduras para você distorcer as Escrituras ao seu gosto." Tenho certeza que seria um sucesso em alguns círculos do evangelicalismo.
ResponderExcluirQuão feliz sou, por crer e obedecer a um Deus verdadeiro e bíblico.
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