sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Cristão Diante da Morte (Parte 2)

Convém agora falar acerca da maneira como o crente deve agir diante de pessoas que sofrem a dor da separação ocasionada pela morte de um parente ou amigo. É comum nessas ocasiões vermos vários indivíduos tentando desempenhar o papel de consoladores, trazendo palavras com as quais pretendem suscitar certo conforto nos que pranteiam.

Porém, infelizmente, nesses momentos, com frequência, ouvimos esses consoladores (que às vezes se apresentam como cristãos ou até pastores!) dizer as mais grosseiras tolices e devaneios, acreditando que seus ares artificiais de sabedoria podem emprestar autoridade às palavras absurdas que proferem. Um diz que o incrédulo morto descansou (!); outro, que, de algum lugar, a alma do defunto estará cuidando doravante daqueles que aqui permanecem; outro, ainda, fica enaltecendo virtudes imaginárias do falecido, suscitando dúvidas nos presentes sobre se vieram ao velório da pessoa certa.

Todas essas demonstrações de ignorância são absolutamente infrutíferas. É na Bíblia que aprendemos como ajudar os enlutados. Paulo ensina, em 1Tessalonicenses 4, com que palavras devemos consolá-los. Ele diz nos versículos 13-17 que, assim como Jesus morreu e ressuscitou, Deus, mediante Jesus, um dia trará juntamente em sua companhia os crentes que morreram; diz ainda que o Senhor, depois de dar sua palavra de ordem, uma vez ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os crentes mortos ressuscitarão; diz também que os cristãos que estiverem vivos nesse dia serão arrebatados junto com os que hão de ser ressuscitados e, entre nuvens, todos subirão ao encontro do Senhor nos ares a fim de permanecer para sempre com ele.

Depois de expor tudo isso, Paulo diz: “Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (v.18). Por isso, bem fariam todos os cristãos se conhecessem a fundo “estas palavras”. Isso os tornaria mais úteis no auxílio dos que sofrem em razão da separação, evitaria emudecerem diante dos que, inconsoláveis, pranteiam a morte de alguém, e poria freio nos desvios que com soberba os indoutos proclamam em momentos tão propícios à reflexão da verdade.

Evidentemente, as palavras que Paulo escreveu servem apenas para o consolo dos que choram a morte de crentes. No texto analisado acima, o apóstolo ensina sobre a tranquilidade que podemos ter quando pensamos nos mortos em Cristo (1Ts 4.16).

Em se tratando da morte de incrédulos, nenhuma palavra agradável pode ser dita a respeito do estado ou do lugar em que a alma deles se encontra. Isso porque a Palavra de Deus é extremamente amarga quando fala sobre o destino eterno dos que não receberam Jesus Cristo, crendo nele como Salvador de sua vida. Tais pessoas, segundo as Escrituras, estão condenadas ao tormento eterno no inferno, preparado para o diabo e seus anjos, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga! (Mt 25.41, 46; Mc 9.43-48; Lc 16.19-31; Jo 3.36; Ap 20.11-15).

É claro, porém, que o cristão deve ter tato. Há maneiras sábias de dizer essa verdade num funeral de pessoa incrédula. Basta, durante conversas particulares ou no pronunciamento de um breve sermão dirigido a todos, chamar a atenção não para a condição espiritual do defunto (que já não importa mais), mas para a condição espiritual dos ouvintes. Esse proceder preservará o que realmente é importante e livrará o cristão comum ou o pastor de situações embaraçosas.

Entretanto, é evidente que se alguém perguntar sobre o destino da alma do falecido incrédulo, terá o cristão de, cuidadosamente, dizer a verdade. O consolo enganador é obra do mundo e do diabo, não dos ministros de Cristo. E é melhor os ouvidos dos enlutados serem alertados por verdades dolorosas que o coração deles ser iludido com uma falsa paz.

Uma forma sábia de agir diante de perguntas embaraçosas formuladas nesses momentos é fazer o interlocutor chegar a suas próprias conclusões. Basta responder-lhe brandamente com perguntas do tipo: “A Bíblia diz que só os crentes em Cristo são salvos. Ele era crente em Cristo?”. Respondendo a essa questão, o interlocutor chegará às suas próprias conclusões, sejam elas tristes ou não. Caso responda que não sabe, então o servo do Senhor deverá dizer: “Se não sabemos se ele morreu tendo fé em Cristo ou não, também não podemos saber onde a alma dele está”.

Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

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