O desencorajamento é uma das armas mais eficazes de Satanás contra o povo de Deus. De modo hábil, Satanás tem buscado abater o povo de Deus substituindo a coragem e ousadia oriundas do Espírito Santo pela covardia e abatimento espiritual de origem demoníaca. Por outro lado, Satanás, ironicamente, sabe inverter os papéis da coragem e da covardia entre os seres humanos. Ele desencoraja os crentes a negar a si mesmos e os encoraja a dar vazão às concupiscências da carne.
O resultado? Uma interessante combinação de qualidades: coragem para pecar e covardia para servir a Deus.
Essa estratégia maligna não é nova. Jó foi alvo desse desencorajamento maligno, mas resistiu. Elifaz, o primeiro amigo a se manifestar diante da calamidade em que se encontrava a vida de Jó, não poupou ataques ao amigo dizendo: “Eis que Deus não confia nos seus servos e aos anjos atribui loucura. Quanto menos àqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça!” (Jó 4.18,19).
De modo interessante, o texto nos revela que essas palavras de desencorajamento foram dadas a Elifaz por um espírito que passou diante dele, o deixou arrepiado e que a feição não era possível ser reconhecida (Jó 4.15,16). Considerando que as mensagens dirigidas a Jó são claramente caluniosas, não é difícil perceber que Elifaz foi enganado por um espírito demoníaco e, de modo temerário, as descarregou sobre Jó. É importante notar: Elifaz foi o primeiro a se manifestar entre o grupo de amigos!
Desse pequeno trecho emanam, pelo menos, três lições: 1) Satanás utiliza a calúnia e a ofensa para desencorajar os servos de Deus; 2) Satanás faz com que as mensagens de desencorajamento cheguem muito rápido aos ouvidos do servo de Deus que sofre; 3) Satanás pode enganar as pessoas mais próximas do servo para que sua mensagem de desencorajamento chegue aos seus ouvidos com maior credibilidade.
Como combater o desânimo e o desencorajamento demoníaco? Podemos seguir o exemplo de Jó, pois ele resistiu aos ataques de desencorajamento de Satanás confiando nas promessas de Deus: “Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo os meus caminhos defenderei diante dele” (Jó 13.15). “Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra” (Jó 19.25).
O apóstolo Pedro encoraja os crentes a ter a mesma conduta que Jó diante desses desencorajamentos provenientes de Satanás: “Ao qual [Satanás] resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1Pe 5.9).
Diante desses preceitos bíblicos podemos perceber que o conceito da “paciência de Jó” – tão deturpado nos dias de hoje entre os ímpios – possui uma dimensão maior e mais nobre que simplesmente suportar as dificuldades da vida. Ela é uma virtude concedida por Deus aos servos que estão firmemente engajados na batalha espiritual legítima e que estão sob os intensos ataques desencorajadores de Satanás.
“Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso” (Tg 5.11).
Leandro Boer
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